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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Vaticínio do Livro do Destino


Quando eu era adolescente minha mãe comprou no Clube do Livro (antigo sistema de compras por catálogo com entrega via correio) o Livro do Destino, um suposto oráculo adivinhatório derivado de crenças e segredos do antigo egito que teria sido usado por Napoleão Bonaparte. Pois bem, depois de quebrar a cabeça pra descobrir como consultar o livro e obter as respostas, pelo que me lembro exigia tracinhos, contas, tabelas e colunas, fiz a pergunta derradeira: o que vou ser quando crescer? A resposta foi simples e direta: venda bebidas porém não as consuma.

Fiquei arrasado. Meu pai tinha uma padaria e de vez em quando eu ajudava no balcão, servindo e vendendo café, pão com manteiga, pinga, rabo de galo e cerveja. Pensei que ia trabalhar pra sempre no comércio e herdar o negócio da família.

Depois de algum tempo, em uma festa na casa do meu primo, que tinha um violão e amigos artistas, conversando com uma bailarina que acho que era do Chorus Line (musical produzido no Brasil por Walter Clark), ela contou que conhecia o Livro do Destino, tinha feito a mesma pergunta e recebeu como resposta: coloca na porta da tua casa lava-se roupas.

Diferente da minha reação, ela ficou maravilhada, que tinha interpretado a resposta como um incentivo a procurar algo onde ela se exibia, contava pra tudo mundo, alardeando pra toda a vizinhança, ou seja, uma artista do corpo, uma dançarina no palco e no teatro. Caminho que estava trilhando com sucesso até então.

Aquilo me iluminou, se fosse assim eu também podia interpretar o vaticínio do Livro do Destino, vender bebidas e não consumir se aplicava a profissão de publicitário, que acabaria me tornando. Nessa carreira trabalhei para várias marcas de cervejas industriais, afinal as cervejarias sempre foram uma das maiores anunciantes no Brasil, elas inclusive conseguiram escapar da lei que restringe a publicidade de bebidas alcoólicas criando uma categoria a partir do grau do teor alcoólico.

Agora, com esse blog, vou testar seguir o conselho do Livro do Destino ao pé da letra. A ideia é reunir informações sobre as cervejas artesanais e até mesmo caseiras fabricadas no Brasil. Algo como um observatório, diretório, lista e enciclopédia. Vamos torcer.

Lembrando as conversas de antigamente, quase 20 anos atrás, um executivo de uma grande cervejaria industrial me contou que as outras marcas não preocupavam tanto quanto o crescimento do consumo de cerveja artesanal que estava acontecendo nos Estados Unidos. Na Europa, terra da cerveja, assim como aconteceu com o fast-food e a televisão, talvez a população nunca tenha comprado a ideia de beber cerveja industrializada, principalmente na Alemanha e Inglaterra.

Foto: Escultura maquete de uma cervejaria no antigo egito, entre 2040 e 1991 antes de Cristo.
Museum of Fine Arts Boston

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